3 de Dezembro a 2 de Janeiro

 

O conceito de informe, criado por George Bataille e desenvolvido por Yve-Alain Bois e Rosalind Krauss no seu ensaio formless1, tem como base quatro linhas operativas: pulse, batimento que representa a separação entre espaço e tempo; base materialism, qualificação da matéria; entropy, enquanto elemento relacionado com a ordem estrutural dos sistemas, e horizontality, que segundo George Bataille funciona como um sistema de mapeamento espacial. O conceito de informe, criado por George Bataille e desenvolvido por Yve-Alain Bois e Rosalind Krauss no seu ensaio formless1, tem como base quatro linhas operativas: pulse, batimento que representa a separação entre espaço e tempo; base materialism, qualificação da matéria; entropy, enquanto elemento relacionado com a ordem estrutural dos sistemas, e horizontality, que segundo George Bataille funciona como um sistema de mapeamento espacial.

Apesar de se encontrarem pontos de contato entre estas quatro operações, e as imagens que compõem o projeto Paisagens privadas: O voo e queda de Ícaro, é toda a reflexão patente no capítulo da horizontalidade que se afigura como linha condutora do seu questionamento e conceção – a associação da passagem do plano horizontal inerente ao objeto cama, para o plano vertical em que as imagens são expostas, está associada à dialética entre a morte e a vida, entre o terreno e o divino. Apesar de se encontrarem pontos de contato entre estas quatro operações, e as imagens que compõem o projeto Paisagens privadas: O voo e queda de Ícaro, é toda a reflexão patente no capítulo da horizontalidade que se afigura como linha condutora do seu questionamento e conceção – a associação da passagem do plano horizontal inerente ao objeto cama, para o plano vertical em que as imagens são expostas, está associada à dialética entre a morte e a vida, entre o terreno e o divino.

Assim, esta mostra convida a um percurso – voo – que eclode da observação de camas quentes, das quais se acabou de levantar alguém, ocorrendo nesse instante a primeira inversão do eixo de observação, abandonando as representações o eixo horizontal boca/ânus característico do estado animal, para ascenderem ao eixo vertical, estatuto reservado ao Homem enquanto ser superior. Assim, esta mostra convida a um percurso – voo – que eclode da observação de camas quentes, das quais se acabou de levantar alguém, ocorrendo nesse instante a primeira inversão do eixo de observação, abandonando as representações o eixo horizontal boca/ânus característico do estado animal, para ascenderem ao eixo vertical, estatuto reservado ao Homem enquanto ser superior.

Percurso que remete ainda para uma dimensão cartográfica, através da qual ficcionamos o papel de Ícaro ao sobrevoar estes mapas, mapas que fazem sonhar, tal como as ilhas ou os territórios desconhecidos2 e, tal como nos descreve a lenda mitológica, também nós não resistimos à tentação de voar demasiado perto Sol, sendo forçados irremediavelmente a retornar ao ponto de vista iniciático – horizontal – à (pela) condição de meros mortais. Percurso que remete ainda para uma dimensão cartográfica, através da qual ficcionamos o papel de Ícaro ao sobrevoar estes mapas, mapas que fazem sonhar, tal como as ilhas ou os territórios desconhecidos2 e, tal como nos descreve a lenda mitológica, também nós não resistimos à tentação de voar demasiado perto Sol, sendo forçados irremediavelmente a retornar ao ponto de vista iniciático – horizontal – à (pela) condição de meros mortais.

H.V.R., Dez. 2015

1 Bois, Yve-Alain; Krauss, Rosalind E. (1997) Formless : a user’s guide, New York, Zone Books 1 Bois, Yve-Alain; Krauss, Rosalind E. (1997) Formless : a user’s guide, New York, Zone Books
2 Buci-Gluksmann, Christine (1998) ‘Cartografias ou Icartografias’ in Pavão, Isabel Cartographies. 2 Buci-Gluksmann, Christine (1998) ‘Cartografias ou Icartografias’ in Pavão, Isabel Cartographies.


 

Biografia:
Henrique Vieira Ribeiro nasceu em 1970, em Lisboa. Licenciado em Arte Multimédia, vertente de Fotografia, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, encontra-se atualmente a frequentar o Mestrado em Arte Multimédia, vertente de Audiovisuais, na mesma instituição.
Utiliza a fotografia e o vídeo como media nucleares, que em conjunto com o desenho formam os seus suportes de eleição, e nesta fase, as suas inquietações têm como origem aspetos relacionados com a memória e o esquecimento, onde o objeto enquanto portador de vida desempenha um papel preponderante. Tem ainda como tema recorrente a reflexão acerca da necessidade/desejo de transcendência do ser humano. Utiliza a fotografia e o vídeo como media nucleares, que em conjunto com o desenho formam os seus suportes de eleição, e nesta fase, as suas inquietações têm como origem aspetos relacionados com a memória e o esquecimento, onde o objeto enquanto portador de vida desempenha um papel preponderante. Tem ainda como tema recorrente a reflexão acerca da necessidade/desejo de transcendência do ser humano.
Participou em várias exposições individuais, de que se destacam Apokatastasis, Arquivo Fotográfico de Liboa, SAL, Museu Municipal de Faro e Rumor , ETC – Espacio Transfronterizo, Badajoz. Das exposições colectivas em que participou, destacam-se A Casa: 50.12, Congresso da Cidadania, Fundação Calouste Gulbenkian; H590706, projecto colectivo Tulipa, raum: residências artísticas online; e Damage is done, Galeria VAÂG Art, estando representado em várias coleções particulares em Portugal, França e Inglaterra, assim como em várias instituições como o Museu do Combatente, Galeria Artur Bual, Associação 25 de Abril ou a Fundação Calouste Gulbenkian. Participou em várias exposições individuais, de que se destacam Apokatastasis, Arquivo Fotográfico de Liboa, SAL, Museu Municipal de Faro e Rumor , ETC – Espacio Transfronterizo, Badajoz. Das exposições colectivas em que participou, destacam-se A Casa: 50.12, Congresso da Cidadania, Fundação Calouste Gulbenkian; H590706, projecto colectivo Tulipa, raum: residências artísticas online; e Damage is done, Galeria VAÂG Art, estando representado em várias coleções particulares em Portugal, França e Inglaterra, assim como em várias instituições como o Museu do Combatente, Galeria Artur Bual, Associação 25 de Abril ou a Fundação Calouste Gulbenkian.