De 21 de Abril a 21 de Maio

Pela primeira vez, no nosso espaço expositivo, não temos uma exposição mas sim o que Filipe Rocha da Silva designa como “instalação de pintura” e uma série de desenhos que ajudam a contextualiza-la. Isto significa inevitavelmente uma certa informalidade na apresentação do trabalho principal mas também que a tela, apesar de terminada, se encontra em trânsito sem pretender encontrar aqui o espaço que permita o distanciamento exigível num formato mais convencional.  As características da nossa galeria acentuam portanto o carácter imersivo deste trabalho. Quando observado de perto ficamos facilmente envolvidos numa experiência/mergulho  que de facto é típica de uma instalação. Também nos parece relevante a este nível  o diálogo visual inevitável com elementos arquitectónicos que, de alguns pontos de vista, irão cortar o campo de visão do observador com o branco dos pilares.

A acompanhar este trabalho temos o texto de José Manuel Martins que abre múltiplas perspectivas e investigações a propósito desta tela de grandes dimensões.

Para finalizar gostaríamos apenas de referir algumas interpretações possíveis do título: BI. Para além do flirt incontornável com a questão da identidade, também temos implicado o tema do duplo, que até se encontra representado numa figura bicéfala e eventualmente bifálica. Em inglês bi é também abreviatura para bisexual. Apesar de não ter sido o título definitivo, Multitudes, foi apontado como uma alternativa pelo artista. Se assim fosse o título seria partilhado com um livro (2004) e também uma revista de Toni Negri (filósofo que foi associado às brigadas vermelhas em Itália).

Manuel Furtado


 

Biografia (resumida):

Filipe Rocha da Silva nasceu em 1954, estudou nas Belas Artes de Lisboa, Studio International Art Centers em Florença e concluiu um MFA no Pratt Institute em Nova Iorque. É professor na Universidade de Évora. Realizou exposições individuais em museus como o CAM – da Fundação Gulbenkian (1988), Museu da Cidade de Lisboa (2006), Fundação D. Luís I – Cascais (2009) e tem obras em a coleções como a Gulbenkian, Serralves, Union Fenosa, o Centro de Arte Contemporânea da Madeira, Instituto Politécnico do Porto, Ministério das Finanças de Portugal e o Banco de Portugal. É representado em Nova Iorque pela Galeria Art Projects International. Um conjunto da obra e mais informação pode ser consultada em filiperochadasilva.com.

Inauguração

Video por Arte Institute, Abril de 2016